Cristiane Duarte Farias
Nutricionista
Isabelle Santos do Vale
Edição textual (Adaptação do slide show da nutricionista Cristiane Duarte Farias)
Umbu: a fruta sagrada do sertão
A Spondias tuberosa, chamada de: Imbu, ambu, ombu, embu, umbu – derivado do nome “ymbu”, do Tupi-guarani, que significa “árvore que dá de beber” – é uma fruta que mescla sabores. Se o Brasil possui um conjunto de sons, sabores e culturas, o gosto agridoce (cítrico e adocicado) desta fruta endêmica, verde-amarelada, nativa do semiárido, representa esse caráter multifacetado, ainda mais quando descobrimos a sua versatilidade. Foi esse o tema da apresentação feita pela nutricionista Cristiane Duarte Farias durante uma das reuniões semanais do SENAC. Assim, ela levou um slide com imagens e textos para falar sobre o umbu e sobre o jenipapo, abordando tanto aspectos culturais quanto gastronômicos referentes a essas duas frutas.
Euclides da Cunha chamava o umbuzeiro de “a árvore sagrada do sertão”, uma vez que alimenta a população local e diversos animais. Sua safra vai de janeiro até meados de abril, fornecendo uma quantidade significativa da fruta, que serve de base para produção de sucos; chás; sobremesas (pudim, mousse, sorvete); geleia; vinho; vinagre; cerveja; umbuzada e drinks (particularmente, uma caipirinha de umbu é um clássico). Além disso, a árvore é sagrada pois é a fonte de renda de famílias rurais:
“O umbuzeiro tem uma grande importância para nós trabalhadores/os nordestinos/as, pois é uma árvore símbolo de resistência e sabedoria. Ao passar um longo período de estiagem suas folhas caem e tornam-se cinzas, porém ainda viva. Quando a chuva chega mostra sua beleza e sua força, é o exemplo que ela nos dá de luta e resistência,” ¹
O umbu é rico em nutrientes; pouco calórico; rico em vitaminas A, C e do complexo B; fonte de fibras; possui minerais: cálcio, fósforo, ferro e potássio; flavonóides e carotenóides; estimula o sistema imunológico, a cicatrização e a formação do colágeno; ajuda na absorção de ferro; possui ação antioxidante, combate a ação dos radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e doenças como o câncer; estimula o bom funcionamento do sistema digestivo e potencializa a saciedade; ajuda a combater doenças crônicas, como obesidade, hipertensão e diabetes e, por fim, atua no metabolismo de macronutrientes. Todos esses benefícios podem ser resumidos na frase objetiva e afetuosa que costumamos ouvir: “faz bem!”.
Jenipapo
A Genipa americana L., chamado de cabaçu; janapabeiro; janipaba; janipapeiro;janipapo, jenipá, jenipapo-bravo, jenipapo-do-mato, jenipaba; jenipaca; ou, como muitos conhecem, jenipapo, é uma explosão de sabores tropicais. Alguns descrevem o fruto como um cruzamento entre manga, abacaxi e maracujá. Outros dizem que é uma mistura de doce com um toque cítrico. O melhor é experimentar e tirar suas próprias conclusões!
O jenipapo possui um nome de origem Tupi-guarani, que significa “fruta que serve para pintar”, devido ao pigmento que é soltado pelo fruto após o seu manuseio. Por ser uma fruta que mancha tudo o que toca, suas mãos, roupas e utensílios de cozinha podem ficar com uma cor escura temporária. Então, esteja preparado para usar luvas ou ter uma pequena aventura de limpeza depois de saborear essa delícia tropical, nativa das regiões das Américas do Sul e Central. Essa propriedade da fruta é de extrema importância para povos indígenas, por isso antes de apresentar o seu valor nutricional e culinário, não podemos esquecer do seu significado cultural. Povos indígenas, como o povo Pataxó, usam essas tintas para pintar seus corpos, fazer desenhos nas roupas, uma verdadeira beleza artística rica e natural. Essa fruta também é usada na medicina tradicional indígena. Acredita-se que ela tenha propriedades curativas e seja eficaz contra várias doenças. É possível fazer chás e xaropes com o jenipapo, além de utilizar sua casca e raízes para criar remédios naturais. Aqui no Brasil, podemos encontrar tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica e em algumas áreas do Cerrado. Em geral, para quem mora nessas regiões, é comum saborear o jenipapo na forma de suco; chá; sorvete; geleia; vinho; compotas; licor; doce cristalizado e jenipapada.
Bem, o jenipapo é como uma bomba de nutrientes disfarçada de fruta. Essa belezinha tropical –de casca dura, rugosa e escura, e interior macio e suculento– tem um grande valor nutricional. Começando pelo combo de vitaminas, ele é rico em vitaminas C e do complexo B. Ademais, é também fonte de fibras; flavonóides; e minerais. O que isso quer dizer? Oras, que nos traz inúmeros benefícios! Entre eles, o estímulo do sistema imunológico, a cicatrização e a formação do colágeno; absorção de ferro (para o combate à anemia); ação antioxidante, evitando o envelhecimento precoce; equilíbrio dos níveis de glicose e colesterol no sangue, ajudando a prevenir doenças como diabetes e doenças cardiovasculares e, por fim, ajuda no funcionamento do sistema digestivo. Bem, depois disso tudo, acho que um suco de jenipapo cairia bem, não é?
Referências:
Slide por: DUARTE, Cristiane. Umbu e Jenipapo. 2023. Disponível em: gmail. Acesso em: 04, maio de 2023.
Slide por:
PACHECO, Iris. O fruto da árvore sagrada do sertão. MST.ORG, 2018. Disponível em: https://mst.org.br/2018/04/27/o-fruto-da-arvore-sagrada-do-sertao-o-umbu-podera-ser-encontrado-na-feira/#:~:text=O%20umbuzeiro%2C%20a%20grande%20árvore%20sagrada%20do%20sertão.&text=“O%20umbuzeiro%20tem%20uma%20grande,se%20cinzas%2C%20porém%20ainda%20viva. Acesso em: 04, maio de 2023.
EDIÇÃO TEXTUAL: Isabelle Santos do Vale