Junior Lisboa, SENAC-MA (colabora o chef Junior Ayoub)
Os produtos alimentares, bem como os objetos e conhecimentos usados na produção, transformação e consumo de alimentos, têm sido identificados como objetos culturais portadores da história e da identidade de um grupo social. A alimentação implica representações e imaginários, envolve escolhas, símbolos e classificações, e as diferentes formas de produção e consumo dos alimentos revelam identidades culturais.
A comida em comunidades tradicionais possui características próprias. Pois, estas comunidades vivenciam sua economia de maneira distinta, com pouca ou nenhuma acumulação de capital, exercendo na maioria das vezes a agricultura familiar de subsistência e comercializando apenas o excedente. Sua produção é feita a partir da utilização de recursos naturais, renováveis presentes no ecossistema local.
O Maranhão, bem como outras regiões do país, é um estado rico em tradições, transmitidas entre as gerações e perpetuadas no imaginário popular. Alguns desses costumes estão presentes em determinadas regiões do estado, outros se popularizaram em boa parte do território maranhense, mas todos possuem grande relevância para a compreensão de vários elementos da história do Maranhão, sendo a culinária um dos fatores primordiais de identidade e imaginário de seu povo.
A cozinha maranhense sofreu influência de demasiadas culturas, tais como a francesa, holandesa, portuguesa, indígena e africana. Apesar da breve estadia, a gastronomia francesa marcou muito o local, mas a portuguesa e indígena são as mais importantes.
O arroz e a farinha-d’água ou de puba são os ingredientes básicos. Mas ambos, em muitas circunstâncias, ascendem à categoria de prato principal ou quase. Na capital São Luís, a Feira da Praia Grande e a Casa das Tulhas fazem parte dos bens protegidos pela Unesco, sendo consideradas parte do Patrimônio da Humanidade. Como destino turístico que se pauta no seu caráter cultural, e como Capital da Cultura 2009, São Luís urge por uma maior valorização de seu acervo de bens materiais e imateriais.
O complexo da Casa das Tulhas abriga não somente aspectos tangíveis da cultura Ludovicense, retratados na sua arquitetura, mas também aspectos da cultura imaterial ilustrados pela culinária típica lá produzida e comercializada, pelos modos peculiares de viver da população que frequenta o local, pela arte e artesanato lá comercializados, pela religiosidade presente, em especial dentro da Feira, pela manifestação do Tambor de Crioula, com dia certo de se apresentar, dentre uma série de outros fenômenos pelos quais o Ludovicense ali conhece e se reconhece.
A partir desse conhecimento do patrimônio, segundo Meneses (2004), a Casa das Tulhas e a Feira da Praia Grande são um dos lugares mais notórios para se entender esta sociedade. Os eventos gastronômicos são importantes para o turismo, pela atração de uma demanda específica, e para a gastronomia, que pode ganhar novos talentos ou então preservar suas tradições culinárias e históricas.
Outro ponto favorável é que tais eventos contribuem para ampliar e socializar o conceito da gastronomia, ainda vista por muitos como algo destinado apenas às classes mais altas da sociedade.
É também um meio de entrar em contato com as novas tendências, conhecer de perto como os chefs concebem suas criações, como utilizam os conceitos da gastronomia regional e os ingredientes da terra em pratos mais sofisticados, por exemplo. O turismo culinário, gastronômico é, segundo a Rede Europeia de Patrimônio Culinário Regional, um conceito que parte da premissa de que a gastronomia de um destino turístico (país ou região) é um ativo sempre presente na cultura local e por isso é incontornável na experiência global que um turista obtém desse lugar.
A World Travel Food Association (WTFA) define Turismo Culinário como parte de uma experiência turística completa na medida em que a Gastronomia representa uma fatia importante do Turismo Cultural e está intimamente ligado ao Turismo Rural pela sua relação com as atividades agrícolas que produzem os ingredientes necessários à produção de refeições, presentes principalmente nos mercados públicos.
O Festival Mercado Das Tulhas, na sua primeira edição atingiu o seu principal objetivo, tornar-se o ambiente ideal para apresentar, promover, divulgar conhecimento, produtos e serviços.
As parcerias firmadas com a Embrapa, Senai, Sesi, SENAC, Ifma, Ufma, Ceuma, Olivio J Fonseca, Hipperpan, Guaaja, Labotur, Grand São Luís Hotel, entre outros, foram de extrema importância para o sucesso.
O evento trouxe ao Maranhão 22 profissionais reconhecidos, nacional ou internacionalmente, pelo trabalho com gastronomia, promoveu aulas show, palestras e mesas redondas, atividades que atingiram um público de 600 espectadores por dia. O público em outras atividades, como apresentações culturais e ações no Mercado das Tulhas, foi estimado em 1.500 pessoas. O festival também obteve grande repercussão na mídia local e nacional.
Em seu segundo ano, o tema foi Da Semente Ao Sorriso. A semente, por definição é a origem da vida, responsável pela manutenção e perpetuação, onde estão armazenadas todas as características, as informações. Sendo assim, a semente que plantamos, e cultivamos, de sustentabilidade, valorização dos elementos autóctones, resgate de aspectos socioculturais, uso integral e diversificado, inovação e criatividade, estabelecendo uma conexão direta da origem ao consumidor final.
CHEFS E ESPECIALISTAS CONVIDADOS – Adriana Cook, Adriana Pino, Alejandra Maidana, Ângela Sicília, Beth Beltrão, Cumpade Joao, Danielle Dahoui, Fabio Espinosa, Fabricio Lemos, Flavia Quaresma, Fred Caffarena, Isadora Fornari, Lisiane Arouca, Lui Veronese, Marcones Deus, Monica Rangel, Nathalia Soares, Paulo Machado, Rafael Coelho, Thalita Cacho, Thiago Chiericatti, Graça Coelho, Junior Lisboa e Rafael Bruno.
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