João Lima e Luiz Carlos da Silva – SENAC-PE

Eleita pela ONU como alimento do século 21, a mandioca é uma raiz tuberosa da mesma família da batata, da cenoura e da beterraba. Planta nativa do Brasil, mas já existente em mais de cem países, também pode ser chamada de macaxeira, aipim, maniva, maniveira, pão-de-pobre, entre outros nomes espalhados pelo Brasil. É um alimento de grande valor nutricional, fonte de carboidratos, e contém cálcio, magnésio, fósforo, potássio e vitamina c. O termo mandioca vem do tupi, que quer dizer “casa de Mani”, remetendo a uma das lendas sobre como ela tenha surgido. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais e a mandioca tem conquistado cada vez mais espaço não só nas mesas, mas também na indústria.

Um dos principais produtos extraídos da mandioca é a farinha. Há diversos tipos de farinha espalhados pelo Brasil, desde farinhas mais finas até mais granuladas, para uso em diversas preparações. Outros produtos também são feitos da mandioca, a saber, polvilho doce e azedo, goma para tapioca, massa de mandioca, bebidas e mais. Alguns desses produtos já são registrados e reconhecidos por sua indicação geográfica (IG) e, além dos usos culinários, a mandioca também está sendo usada na produção de embalagens biodegradáveis e biocombustíveis. Prova da versatilidade e da importância desse alimento.

Celebrando o dia nacional da mandioca em 22 de abril, vamos explorar alguns dos produtos derivados dessa raiz, que podem ser encontrados na feira livre do município de São Lourenço da Mata, em Pernambuco. A referida feira existe há mais de 40 anos e movimenta parte do comércio local, atraindo produtores e consumidores da cidade e das regiões vizinhas. Funciona sempre aos sábados e desde antes de raiar o dia podemos verificar a movimentação dos produtores, comerciantes e clientes, já aguardando para adquirir seus produtos. Um desses produtos em questão é a farinha de mandioca, que pode ser encontrada em vários pontos no local.

Marcos dos Santos, filho de Sr. Inácio, é um dos produtores de farinha de mandioca que encontramos na feira. Seu pai é o proprietário de uma casa de farinha localizada no município de Lagoa de Itaenga, distante 30 quilômetros de São Lourenço da Mata. Por motivos de saúde não vai mais à feira. Sua casa de farinha funciona há 35 anos e, além da produção de farinha de mandioca, produz também beijus, tapiocas, massa de mandioca, goma de tapioca e cerca de sete tipos de farinha diferentes. Possuem plantação própria e também recebem mandioca de um fornecedor em Arapiraca, município de Alagoas. Marcos nos relata que esse é um trabalho que vem passando de geração em geração, e que quatro pessoas da comunidade trabalham junto com ele. A produção é automatizada e o transporte é feito em motos ou carros de mão.

Das farinhas que encontramos com Marcos, podemos listar de acordo com a granulometria: farinha grossa, grossa média, média, comum, comum fina, quebradinha fina e gominha. Esta última, utilizada para preparar pirão, mingau e papa, geralmente oferecida para as crianças e pessoas idosas. Durante a produção, eles utilizam diferentes peneiras para separar os tipos de farinha.

Dona Maria das Graças e Seu Miguel também produzem e vendem farinha de mandioca na feira de São Lourenço da Mata. Eles são do município de Paudalho, em Pernambuco, e trabalham há mais de 20 anos nessa manufatura. Dona Maria, além de produzir e vender farinha, também oferece outros produtos derivados da mandioca. Três tipos de beiju: beiju seco, como é chamado, feito com massa de mandioca e sal, beiju enrolado com coco, feito em tachos ou chapa e depois enrolado, e beiju com coco fresco, feito na hora. Tapiocas, bolos de macaxeira, de mandioca e manuê também são produzidos por Dona Maria, que recebeu todo esse conhecimento de sua mãe.

Uma das vendedoras mais antigas é Dona Maria Carneiro, de 73 anos de idade, que é conhecida como “Dona Bilico”. Ela produz farinha e derivados há mais de 50 anos, e sua casa de farinha fica em Matriz da Luz, um distrito de São Lourenço da Mata, PE. Por sua idade avançada, quem comercializa os produtos é sua filha Elizama Carneiro. Juntas fazem beiju, tapioca, beiju de coco recheado e manuê. Toda a família participa do processo de produção, que pode chegar a 100 kg/dia.

Podemos notar que, a partir das observações feitas, a mandioca é um potente agregador de valores e fortalecedor de uma complexa cadeia produtiva. Sendo um produto básico na mesa de todos os brasileiros, ajuda no desenvolvimento local e não só pode como está se tornando um importante produto para o Brasil e para o mundo.

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