Marcilene Machado - SENAC-PI
Uma curiosidade que pode justificar a origem brasileira do caju é, mesmo que seja cultivada em outros países, suas denominações, pois em outros idiomas, derivam do português. O nome se origina do tupi “acaiu”, que significa noz que se produz.
Nossos índios, empiricamente, já conheciam os benefícios do caju, sendo considerado um dos principais alimentos desses povos nas regiões norte e nordeste do país. Além de servir como alimento, o caju era também utilizado como uma espécie de calendário para medir o tempo. Os índios se baseavam no início da safra, que hoje começa no mês de agosto e se estende até fevereiro.
Esta planta brasileira é uma rica fonte de matéria prima que se transforma em produtos de grande aceitação no mercado, movimentando a economia. Dentre as riquezas do cajueiro, podemos citar a madeira, oriunda da poda e usada na fabricação de móveis; a amêndoa da castanha que, além de ser comestível, possui uma película rica em tanino e utilizada na química de tintas e vernizes; a casca da castanha, onde se extrai o líquido utilizado na indústria química e de lubrificantes, curtidores, aditivos, entre outros; o resíduo da casca da castanha que serve como fonte de energia nas indústrias, por meio de sua queima em fornalhas; o pseudofruto ou pedúnculo que é utilizado na fabricação de bebidas, doces, na alimentação de animais, além da comercialização in natura, sendo encontrado em feiras e supermercados.
Esse aproveitamento integral das riquezas do cajueiro, quando utilizado como alimento, além do sabor faz bem ao nosso organismo por ser o caju, uma rica fonte de vitamina C, de Betacaroteno (Provitamina A), Vitamina do complexo B e dos minerais Cálcio, Magnésio, Manganês, Potássio, Fósforo e Ferro; e a castanha por também apresentar um potencial nutricional, sendo uma boa fonte de proteínas e gorduras benéficas ao organismo.
E mesmo com tanta potencialidade, a castanha do caju ainda é a menina dos olhos dos produtores. Nos últimos anos, o Piauí vem representando 18% do total de castanha do caju produzida no Brasil, ficando atrás do Ceará com, aproximadamente 50% e Rio Grande do Norte com aproximadamente 22%.
Apesar de não ser o maior produtor do Brasil, o Piauí vem se destacando nessa produção, por apostar em um aproveitamento do caju, além da castanha. Existe em nossa cultura um grande aproveitamento da fruta. Desde o consumo in natura, produção de néctar, xarope, vinho, polpa, vinagre, doces, licores, sucos, fermentados, refrigerantes, drinks, pratos salgados e a nossa tão famosa cajuína.
A bebida é bastante consumida no Maranhão, Ceará, mas principalmente no Piauí, onde é considerada patrimônio cultural e símbolo da cidade de Teresina. Ela é o resultado do suco de caju clarificado, não possui álcool e tem uma cor amarelo ouro, em virtude da caramelização dos açúcares naturais do suco. Esse reconhecimento foi dado em virtude de a cajuína representar mais do que uma bebida. Simboliza a hospitalidade e laços existentes entre as famílias produtoras.
No município de Santo Antônio de Lisboa, na Região de Picos no Piauí, sul do estado, a produção de caju é o que movimenta a economia, sendo inclusive este município conhecido como a Capital do Caju por concentrar o maior parque industrial de beneficiamento do pedúnculo no Piauí. E para aumentar a produção, nos viveiros da associação de produtores locais de sementes e mudas são produzidas por ano, mais de 1 milhão de pés de caju do tipo anão precoce para o reflorestamento dos pomares que foram castigados pela seca.
Em outra região do estado, ainda no sul, no município de São João da Varjota, a mais de 300km da capital Teresina, também tem uma grande produção de caju, onde a expectativa é que, neste ano de 2019, sejam colhidas cerca de 40 toneladas do fruto, pelo menos até novembro. Neste município, boa parte do produto é destinado à produção de cajuína.
Atualmente, além da cajuína, o Piauí também aproveita o caju na fabricação de outras bebidas, como cervejas, cachaças e licores, bem como ingredientes de iguarias da culinária piauiense, como: moquecas, bifes, paçoca de carne de caju, além de molhos para carnes ou como acompanhamento de alguns pratos.
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