Monique Badaró - SENAC-BA

O café, de origem africana, se tornou conhecido no mundo graças aos árabes. A bebida surgiu em um monastério islâmico e chegou à Europa no século XIV. De lá, se implantou nas colônias europeias.

A primeira planta introduzida no Brasil veio pelas Guianas, em 1727. A cultura do café encontrou no Brasil as condições favoráveis para se desenvolver, tendo se tornado já no século XIX a principal fonte de riqueza do país. Fixada no sul-sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná) e produzindo as espécies robusta e arábica, a cafeicultura brasileira se expandiu pelo país após ter enfrentado dificuldades em 1870 e a crise de 1929. No Nordeste, a partir da década de 1970, Bahia se firmou como polo produtor, respondendo por 5% da produção nacional.

O café da Bahia cresce em três regiões: Planalto de Conquista, Cerrado (com destaque para Chapada Diamantina) e Litoral do Extremo Sul. Nas três primeiras, cultiva o café arábica, com maior aroma e sabor, e, na última, o robusta ou conillon, utilizado para o café solúvel.  Com diversidade e qualidade dos grãos, aliadas às características e níveis tecnológicos específicos, essas regiões juntas fazem do estado o quarto maior produtor do Brasil.

A Chapada Diamantina vem se destacando pela produção de cafés de alta qualidade. Com condições de clima, solo e altitude favoráveis, a região desponta como importante produtora de cafés especiais, também chamados finos ou gourmet, bem como de cafés orgânicos. A colheita é manual, o que garante a qualidade do produto.

Em 2018, os cafés da Chapada (especialmente nas cidades de Piatã, Mucugê e Ibicoara) conquistaram o Cup Of Excellence, concurso de café especial realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) em parceria com a Alliance for Coffee Excellence (ACE) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Concorreram na categoria Pulped Naturals, de cerejas úmidas despolpadas ou descascadas e na de cafés naturais colhidos a seco com casca, categoria em que Minas Gerais tem maior tradição.

O Planalto de Conquista cultiva café em altitude, o que resulta em um produto com alta concentração de compostos aromáticos e sabor adocicado. Com temperatura em torno de 21ºC e uma boa distribuição de chuvas, os cafés da região são considerados de excelente qualidade.

O método de processamento praticado pelos produtores da região, mesmo antes de 1970, também contribui para as características distintivas que a bebida ganha. Os Washed Coffee Bahia, cafés lavados da Bahia, como são conhecidos, passam por vários procedimentos. O fruto é colhido, lavado, selecionado, descascado, despolpado e secado. Há os fully-washed, despolpados e degomados e os semi-washed, semi-lavados, despolpados e desmucilados. Ambos atingem notas acima de 80,0 pontos pela classificação da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), resultando em uma bebida de qualidade, com aroma acentuado floral, sabor levemente adocicado e uma última sensação de retrogosto alongado.

CONSUMO DE CAFÉS ESPECIAIS

O interesse por cafés especiais cresce no país e no mundo. Os brasileiros apuram seu paladar e aprofundam sua paixão pelo café, ainda que o consumo nacional de cafés especiais seja bem menor do que o francês ou italiano. Ao mesmo tempo, o mundo começa a olhar o café fino brasileiro como de qualidade. Os consumidores de todo o mundo buscam cafés de origem e de alta qualidade. No Brasil, o preço do produto limita ainda a expansão do consumo, mas o número de cafeterias dedicadas a cafés especiais não para de crescer.

CAFÉ NA GASTRONOMIA

Tradicionalmente consumido como bebida, o uso do café na preparação de pratos ainda é pouco explorado no Brasil. Observa-se uma tendência de utilizar o grão em doces e sobremesas, em molhos, recheios e pães. Na medida em que se controla a sua acidez, o café, segundo especialistas, pode trazer aromas incríveis para as preparações culinárias.

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